quinta-feira, 2 de julho de 2009

Deus, como sou obscena.

E na cozinha a torneira pingando.

Lembro do beijo como lembro
de minha mãe, à beira do
fogão.

Ele agarrou-me o pescoço e
a cintura e me tomou
como sua.
Olhou bem meus olhos
e com a boca, me assassinou.

Lembro bem do beijo.
Lembro de não resistir
e de insistir e de
seguis nos braços dele.

Suas mãos no meu corpo.
Minha bunda, meus peitos,
meu pescoço. E eu ia
deslizando e morrendo mais e
mais e sentindo que não mais
aguentaria.

Foi ali o fim, com
a minha boca entreaberta
e minha vida nele,
por completa.
____

Chico, eu o chamei.

Eu tinha 8
de meus 34 anos.
Não sabia seu nome.
Chico, eu o chamava.

Chico, meus pais o chamava.
Eu o amava e amei.

Chico morto, aos 10
de meus 34 anos.
E eu o amava.
Mas não sabia seu nome.

Chico, eu o chamava.
Romantico, meu frances,
Chico.
Não o chamo mais, desde então.
____

Não se preocupe com rejeição, parceira.

Estou cansada dela
e suas palavras certas,
nas horas certas.

Estou cansada dela
mais ainda por seu
cadillac vermelho e suas
unhas vermelhas e seu
rouge vermelho.

Estou cansada dela
fora de minha cama.
Do meu quarto.
Na sua casa.

Cansada a beira da morte,
por ela.
Sentada na minha varanda
esperando a razão voltar.
Ou a morte.
____

Me queima, imperador.

Festa de classes.
Damas, rapazes, bebados.
Isso sim é uma festa.
De classe.

O copo de whiskey
fincado em meu peito,
na festa.
Bebados, rapazes, damas
e seus sexos.
Todos fazem a festa.
A festa do pudor.
Dos bons costumes.
De classe e de sexo.

Me queima, imperador.
Nero morto, festa morta.
Imperador travestido
em showgirl.
Quente.
Acordo da noite.

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